Igreja de São Salvador de Bravães - séc. XIII
Em tempos, a igreja de São Salvador de Bravães pertenceu ao mosteiro do mesmo nome, cuja fundação alguns autores acreditam datar de 1080. Apesar da incerteza quanto à data da sua fundação, sabemos que São Salvador de Bravães alcançara grandeza no século XII, pois o nome de um seu prior, Egas Mendes, aparece indicado como notário numa carta de couto a favor de outro mosteiro, assinada por Dom Afonso Henriques, entre 1140-1145. O mosteiro encontra-se igualmente inscrito nas Inquirições de 1220 e 1258, havendo registo de pelo menos uma grande doação a seu favor.
A importância do mosteiro e as doações que lhe eram feitas foram certamente determinantes para o desenvolvimento do trabalho arquitectónico que hoje podemos apreciar, ainda que este represente apenas uma parte do complexo conventual que um dia existiu.
Como aconteceu com outros mosteiros, de São Salvador de Bravães resta apenas a igreja, nela subsistindo marcas das dependências conventuais de outrora. Trata-se de um edifício de nave única e capela-mor quadrangular, cobertas por madeira, num estilo que se pode classificar como o mais comum do românico português.
Mas, se o estilo arquitectónico de São Salvador de Bravães poderá ser comum no panorama do românico português, dificilmente poderemos dizer o mesmo do seu portal principal, que sozinho justifica uma visita a esta igreja.
Comecemos pelo tímpano. Ao contrário do que sucede na maioria das igrejas românicas portuguesas, São Salvador de Bravães mostra-nos um Cristo em Majestade no tímpano principal. Em Portugal, conhecem-se apenas seis tímpanos com esta representação e apenas quatro se encontram in situ. Um dos motivos escultóricos comummente apresentados nos tímpanos das igrejas românicas é o Agnus Dei e São Salvador também nos oferece um exemplar deste motivo, mas apenas no tímpano do portal sul.
Para além da representação de um Cristo em Majestade no tímpano, o portal principal de São Salvador de Bravães surpreende pela profusão de elementos escultóricos nas arquivoltas, nos capitéis, e, especialmente, por duas invulgares estátuas-colunas.